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quarta-feira, 10 de março de 2010

O aquecimento global está derretendo o gelo do Ártico canadense ...


Derretimento de gelo pode gerar disputa entre Canadá e EUA - AmbienteBrasil -

O aquecimento global está derretendo o gelo do Ártico canadense tão rapidamente que abre uma nova rota marítima entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Com ela, surge o risco de uma disputa territorial entre o Canadá e os Estados Unidos.

O Pólo Norte é a região do mundo que se aquece com maior velocidade, duas vezes mais rápido que o resto do planeta, afirmam especialistas da ONU e do governo canadense. A tal ponto que antes de 2050 a navegação no grande norte canadense deveria ser possível durante a maior parte do verão.

Esta rota reduziria para 16 mil km o trajeto Londres-Tóquio, contra os 21 mil km via canal de Suez e 23 mil km via Panamá. "Atualmente há porções do território marítimo do Pólo Norte que estão cada vez mais livres de gelo", disse Frédéric Lasserre, geógrafo e especialista sobre o tema na universidade Laval de Quebec.

"Já se pode passar de maneira relativamente fácil no fim do verão por esta rota, verdadeiro labirinto de estreitos que formam o arquipélago ártico canadense", continuou.

E isto é só o começo, já que as temperaturas médias na região deverão aumentar em pelo menos 5ºC a 7ºC até o fim do século, segundo especialistas.

"O que estamos vendo no Ártico e que o vemos também mais ao sul, com os furacões, são os modelos mais pessimistas do aquecimento climático", informou o oceanógrafo Louis Fortier, de volta de uma expedição científica na região a bordo do barco de pesquisas canadense Amundsen.

Segundo Lasserre, em trinta anos os bancos de gelo deverão ter derretido de tal forma que talvez navios não-concebidos especialmente para o Ártico sejam capazes de navegar pela Passagem do Noroeste. A cada verão já passam por ali de 20 a 30 navios.

Para o Canadá, o problema é que os Estados Unidos, mas também a União Européia e até mesmo o Japão, nunca reconheceram sua proclamação, em 1986, sobre as "águas interiores" do Ártico. Os americanos sustentam que estas são águas internacionais.

Um quebra-gelos americano atravessou o arquipélago em 1985 sem autorização, gerando uma disputa diplomática com o Canadá, que declarou na época que sua soberania no "Pólo era indivisível, porque as ilhas estão reunidas entre si pelo gelo".

Se algum dia a pretensão canadense de soberania sobre estas águas for levada à Justiça, isto impediria a Ottawa impor suas regras à navegação da região, o que implicaria em riscos para o meio ambiente e os indígenas inuit.

Além disso, disse Lasserre, "a fronteira marítima e da plataforma continental entre Canadá e Estados Unidos ainda não está delimitada". Isso já dá lugar a um litígio de magnitude, já que o mar de Beaufort, no limite entre Yukon e o Alasca, contém importantes reservas de gás e petróleo.

A exploração destas reservas será cada vez mais fácil com o aquecimento da região, afirmam os especialistas. "E serão descobertas novas jazidas. Não só de petróleo, porque no Ártico também há ouro, diamantes, cobre e zinco. Portanto, também haverá uma forte navegação induzida pela exploração mineira", acredita Lasserre.
(Fonte: France Presse / Folha On Line)



COP expõe duas faces do debate sobre clima nos EUA - Estadão Online.

Os Estados Unidos mostram duas faces na Conferência da ONU - Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática que está sendo realizada em Montreal, no Canadá: a da Casa Branca, oposta a qualquer compromisso sobre reduções de C02, e a de grupos ecologistas, que dizem representar a maioria do país.

Alden Meyer é um dos representantes da "outra" delegação americana na Cúpula de Montreal, como diretor de Estratégia e Política da UCS - Union of Concerned Scientists, uma organização sem fins lucrativos que reúne cientistas e cidadãos preocupados com o meio ambiente.

"A administração do presidente George W. Bush representa a minoria. Atualmente, nos Estados Unidos, há apenas um punhado de pessoas que questionam a ciência", que vincula as emissões de dióxido de carbono e outros gases gerados pela atividade industrial à mudança climática, explicou Meyer.

Dupla tarefa - Meyer, cuja organização faz parte da Rede de Ação Climática, que reúne os principais grupos ambientalistas que exigem uma ação imediata para reduzir as emissões de CO2, tem uma dupla tarefa: nos EUA, educar a população americana sobre o Protocolo de Kyoto e, no cenário internacional, desmontar percepções erradas sobre o país.

"Nos Estados Unidos, o debate mudou nos últimos anos. A questão já não é mais se existe a mudança climática. Isso já foi aceito. O debate real se centra no custo para a economia e na eficácia de uma ação dos EUA", disse.

O diretor reconhece que ainda há "bolsões de resistência" entre os setores mais conservadores da sociedade americana, que nutrem a administração Bush. Um deles é o presidente do Comitê do Senado sobre Meio Ambiente, o senador republicano por Oklahoma, James Inhofe, que, segundo Meyer, declarou que "o Protocolo de Kyoto é a maior fraude cometida contra o povo americano".

Artigo - Outro expoente da "resistência" é o artigo divulgado em 1.º de dezembro no site da televisão conservadora Fox e assinado por Steven Milloy, um professor adjunto do Instituto Cato. No artigo, citado em sites conservadores para justificar a posição da administração Bush na Conferência de Montreal, Milloy repete a idéia de que os dados científicos disponíveis não comprovam a mudança climática.

Para comprovar sua lógica, Milloy usa o recente artigo publicado pela Nature que adverte sobre futuras reduções da temperatura na Europa, em conseqüência da diminuição de correntes marítimas, e a declaração da Agência Européia do Meio Ambiente de que a Europa enfrenta o pior aquecimento dos últimos cinco mil anos.

"Está esfriando. Está aquecendo. É um desastre. É fantasia. O que quer que esteja acontecendo, não pode ser reconfortante para os defensores de Kyoto em Montreal, que parecem acreditar que eles sabem com certeza que a atividade humana afeta o clima global e como", escreveu Milloy.

"Para muitos membros da base política do Partido Republicano, o aquecimento global é um assunto religioso, acima de uma questão de lógica", afirmou Meyer.

Iniciativas estaduais - O diretor da UCS defende que a comunidade internacional deve olhar os EUA com uma visão mais ampla, o que oferece um panorama muito diferente.

Ele deu como exemplo as iniciativas legislativas da Califórnia e de outros dez Estados para estabelecer ambiciosos limites a suas emissões de CO2, o aumento do número de projetos de geração de energias renováveis a níveis locais e estaduais, e o crescente envolvimento do setor privado na redução de emissões.

Steve Sawyer, chefe da delegação do Greenpeace em Montreal, também acredita que os Estados Unidos são muito mais que a administração Bush e elogia a atitude de Estados e do setor privado do país.

Evangélicos - Meyer indica outro elemento que pode transformar radicalmente a posição oficial dos Estados Unidos. "Nos próximos meses, a Associação Nacional de Evangélicos, uma organização conservadora que representa a base popular de Bush, emitirá um comunicado contra a mudança climática, por considerar que ameaça a criação de Deus", afirmou Meyer.

Mas, mesmo que os influentes evangélicos se expressem contra a mudança climática, nem Meyer nem Sawyer esperam uma mudança da Casa Branca. "Bush é muito conhecido por sua incapacidade para reconhecer que errou." (Estadão Online)